GANHAM O ESTADO E A SOCIEDADE

Líderes de partidos aliados ao governo defendem legalização dos bingos para financiar saúde

Segundo parlamentares, jogo poderia destinar até R$ 7 bilhões em impostos para a área

Conversa entre deputados e ministros foi transmitida por sistema de som para sala de imprensa do Palácio do Planalto

 

Líderes da base do governo sugeriram nesta quarta-feira, durante reunião do Conselho Político, no Palácio do Planalto, a legalização dos bingos como forma de o futuro governo obter recursos extras para o pagamento de reajuste do salário mínimo ou para gastos com a saúde. Os líderes da base apresentaram as principais reivindicações do Congresso para serem votadas até o final do ano.

A reunião, até onde foi possível ouvir, discutia assuntos pendentes no Congresso, como aprovação do Orçamento de 2011, reajuste do salário mínimo, aprovação da PEC 300 - que prevê o piso de R$ 3.200 para os policiais militares e irá provocar um aumento de R$ 40 bilhões nos gastos do Executivo- e pré-sal. Os líderes partidários se revezavam em suas observações.

O áudio ficou disponível por cerca de 50 minutos. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou para participar da reunião, o som foi cortado - não se sabe se ele tinha conhecimento ou não de que o encontro estava sendo transmitido para os repórteres.

Para melhorar o caixa do governo, Paulinho da Força sugeriu a aprovação de projeto de lei, parado na Câmara, que legaliza os bingos. O deputado há muito tempo é ligado ao setor, mas o governo é contra.

- Tem um projeto na Câmara que é a questão dos bingos. O governo fala tanto de dinheiro. O bingo dá R$ 7 bilhões de imposto por ano para o governo. Isso é só o início. Na Argentina, tem 700 mil pessoas trabalhando em bingo. Tem todo um sistema de controle para isso. Hoje basicamente é possível controlar centavo por centavo das máquinas. E a gente vê a resistência de parte do governo de aprovar os bingos. É uma fonte de arrecadação que tem ai. Isso é possível fazer. A grande maioria na Casa é favorável à aprovação dos bingos.

O líder do PR, Sandro Mabel, concordou com a sugestão do colega. No entanto, ele tem uma destinação para esses R$ 7 bilhões: a saúde. Defensor de um reajuste maior para o salário mínimo, Mabel também é favorável a uma "dosagem", sob o risco de os mais pobres ficarem mais exigentes.

- Sou a favor que suba o salário mínimo, mas acho que tem de existir sempre uma dosagem. Porque senão nós vamos tirando a capacidade de poupança e vamos criando mais economia e não vamos tendo infraestrutura para o pessoal, que vai ficando mais exigente. E quanto mais exigente fica, quer mais coisa - disse.

- Nós podíamos dar um presente para a saúde, importante. É essa questão do bingo. Bingo é uma coisa que existe, não é tributado, é clandestino. Quem ganha com o bingo são aqueles que dão proteção ao funcionamento clandestino, que não é o caso de ninguém aqui. Tem de pegar essa receita, colocá-la inteirinha , foi feita uma emenda nesta terça-feira(9) pelos líderes, até assinaram, destinada à saúde - sugeriu.

O áudio ficou disponível por cerca de 50 minutos. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou para participar da reunião, o som foi cortado - não se sabe se ele tinha conhecimento ou não de que o encontro estava sendo transmitido para os repórteres. 

Padilha minimiza defesa de bingos por base aliada

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou a defesa da legalização dos bingos feita por líderes da base governista durante reunião do Conselho Político, no Palácio do Planalto. Para o ministro, o projeto em questão não tem consenso nem mesmo entre os próprios parlamentares que dão apoio ao governo. A regularização dos bingos foi defendida por Paulinho da Força (PDT-SP) e por Sandro Mabel (PR). Para o primeiro, os recursos estimados em R$ 7 bilhões que viriam com a arrecadação de impostos sobre o jogo poderiam servir para auxiliar o governo no pagamento do reajuste do salário mínimo ou no piso salarial de R$ 3.200 para os policiais militares. Mabel sugeriu que esse dinheiro fosse utilizado para a saúde.

- Esse é um tema a ser debatido. Não tem consenso nem com os partidos da base. Mas é um tema a ser debatido. O fato de não ter consenso não significa que não temos de debatê-lo. Alguns partidos defendem a regulamentação dos bingos como fonte de recursos para a saúde ou outras áreas prioritárias do governo - afirmou.

Líder do governo na Câmara acredita que é possível votar

Em entrevista a Agência Câmara, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), comentou a proposta dos deputados Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) e Sandro Mabel (PR-GO), que defenderam a aprovação do projeto que legaliza os bingos (PL 1986/03) e destinação dos recursos arrecadados com essa atividade para a saúde. Segundo Vaccarezza, caso haja acordo entre os líderes partidários, é possível votar o texto ainda neste ano. (Com informações do O Globo/Folha SP/Agência Câmara)