Rio - O governo do Rio é a favor da
legalização dos jogos de azar, como bingos e cassinos, que está em discussão no
Congresso. Em entrevista ao DIA, o presidente da Loterj, Sergio Ricardo Martins
de Almeida, aponta que a região do Porto e cidades do interior como Búzios,
Cabo Frio e Angra dos Reis são potenciais candidatas a receber casas de jogo.
Geração de empregos, controle fiscal e aquecimento do turismo são argumentos
para legalizar a jogatina.
ODIA: O Congresso está
em fase de discussão da proposta de legalização dos jogos de azar no país. Isso
beneficiaria o Rio de alguma forma especial?
SERGIO RICARDO: O Governo do Rio de Janeiro é absolutamente a favor da
legalização do jogo. O governador Luiz Fernando Pezão acredita que vai trazer
benefícios em todos os sentidos. Não temos dúvida de que um cassino consegue
manter o turista em uma cidade pelo menos mais um dia.
A legalização não pode
acarretar problemas como lavagem de dinheiro e formação de gangues?
Acho que não. Hoje, com o jogo ilegal, é que ocorre lavagem de dinheiro,
porque não se recolhe nenhum tributo. É o caso do jogo do bicho, que existe em
qualquer lugar. Quando o cara usa seu cartão de crédito para jogar em sites no
exterior, o dinheiro vai para paraísos fiscais. Até países islâmicos têm cassinos,
como o Marrocos, onde funciona muito bem. Do G-20, só Brasil, Indonésia e
Arábia Saudita não legalizaram. O Brasil tem que escolher o seu lado. Todo
shopping, hotel ou cassino traz melhorias para a região, porque gera empregos.
Que cidades poderiam
receber os cassinos?
A região do Porto do Rio, que está em fase de expansão, é muito
interessante. Algumas cidades do interior têm características para isso.
Petrópolis está no imaginário como lugar que pode ter um cassino. Búzios também,
ou Cabo Frio, porque dá para chegar de barco. Cabo Frio tem aeroporto e
hotelaria implementada. Angra é outro destino importante.
A quem a lei deveria
atribuir a responsabilidade de definir a locaização dos cassinos?
Ao governo estadual, como um projeto macro, e depois as prefeituras, com
suas legislações municipais.
Como a legalização
poderá resolver os problemas do jogo do bicho?
Talvez seja a discussão mais delicada. Eu não tenho um modelo formado, mas
o Congresso tem uma responsabilidade muito importante de discutir esse modelo.
Vocês estão tentando
convencer a bancada religiosa, que provavelmente será contra a legalização?
Os Estados Unidos têm uma tradição evangélica importante. A Itália é um
país católico e tem jogo. Acho que haverá uma conscientização natural da
bancada religiosa quando começar a ser explicado o que o jogo legal pode trazer
de retorno para a entidades sociais e geração de emprego em tantas áreas.
Como enfrentar o vício
no jogo?
Segundo consta, só 2% dos que jogam se viciam. Não se compara ao vício da
bebida, do cigarro e de sexo. Os cassinos têm que ter a responsabilidade social
de reverter parte de seus ganhos em tratamento, contratando clínicas para que o
viciado possa se tratar. Isso já acontece em vários países. (O
Dia Online - Gustavo Ribeiro - RJ)