GANHAM O ESTADO E A SOCIEDADE

Apostas podem movimentar R$ 55,2 bilhões por ano em recursos caso sejam legalizadas

Maioria dos participantes da reunião da Associação Comercial do Rio de Janeiro mostrou-se favorável ao retorno dos jogos no País

As apostas ilegais, caso sejam legalizadas, poderão movimentar até 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, dependendo das características da população e tipo das apostas. Tomando como base o PIB atual, que é de R$ 5,521 trilhões, o potencial do mercado de jogos no Brasil seria de algo em torno de R$ 55,2 bilhões por ano. Além disso, poderia proporcionar uma arrecadação anual de R$ 17,7 bilhões por ano. O dado foi apresentado pelo presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Instituto Jogo Legal (IJL), Magnho José, que participou de reunião conjunta da Comissão Empresarial de Turismo e da Comissão Empresarial de Desenvolvimento do Esporte, da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio), na segunda-feira (16).

“A cada R$ 3 apostados, R$ 1 vai para os jogos legais e R$ 2 para os ilegais. Hoje, o movimento total de apostas no Brasil gira em torno de R$ 34 bilhões por ano. Se gente seguir a tributação mundial, que gira em torno de 30%, estamos falando de uma arrecadação anual de R$ 17 bilhões só em tributos”, disse o presidente do IJL.

A reunião debateu a possível legalização dos chamados “jogos de azar”, cujos projetos de lei tramitam no Congresso Nacional sobre o tema. O presidente do IJL explicou que atualmente, grupo de 24,48% dos países que participam da Organização das Nações Unidas (ONU) mantém os jogos na ilegalidade, como é o caso do Brasil, e ressaltou que vários fatores pesam para que este grupo de nações proíbam os jogos, sendo que o motivo religioso é o principal deles.

Apesar disso, existem países muçulmanos, como é o caso da Arábia Saudita, que mantém a atividade em funcionamento, embora os cassinos naquele país sejam permitidos apenas para estrangeiros. No Brasil, os cassinos pararam de funcionar em 1946 por força de proibição federal aos jogos, provocando desemprego de muitos que trabalhavam nos locais. De acordo com Magno de Souza, a suspensão da proibição poderá criar, só nos estabelecimentos de jogos, a criação de 450 mil postos de trabalho.

O palestrante explicou também que os brasileiros se interessam nos jogos. Ele exemplificou que 70% da ocupação e 50% do faturamento do Conrad Punta del Este Resort & Casino, no Uruguai, é proveniente de brasileiros que viajam ao local. Além disso, ressaltou que a ausência de um marco regulatório no setor faz com que muitos viajantes do Brasil decidam apostar nos cassinos da América do Sul, como Uruguai, Argentina e Peru.

O presidente do CE de Turismo, Sávio Neves, disse que após a regularização da atividade o turismo do Rio, por exemplo, poderia ser beneficiado com o aumento da permanência de turistas na cidade. “Se o Rio for contemplado teremos uma estadia mais alongada dos visitantes, além de gerar mais empregos. Estamos falando de milhares de postos de trabalho, mais qualificados e bem remunerados que irão trazer uma nova geração de brasileiros que não vivem esse mundo que os países estão explorando e ganhando dinheiro com isso. Então acredito que o Brasil está na contramão de proibir o jogo”, disse.

Já o presidente do CE do Desenvolvimento do Esporte, Hélio Ferraz, apontou que a sociedade precisa discutir a questão, quando completam-se 70 anos do fim das atividades de apostas no Brasil. “É o momento de discutir esse tema, para retirar esse baixo astral que vivemos atualmente”, disse.

Ele adiantou também que, em conversa com assessores próximos ao presidente em exercício Michel Temer, o atual ocupante teria se mostrado favorável ao retorno dos jogos no Brasil. (Imprensa ACRio)