GANHAM O ESTADO E A SOCIEDADE

Regularização dos jogos pode gerar empregos e divisas

Em 2015, as apostas legais movimentaram R$ 14,2 bilhões, enquanto as ilegais R$ 19,9 bilhões, totalizando R$ 34,1 bilhões, isso quer dizer que a cada 3 reais gastos com a atividade, 2 vão para os jogos ilegais

O potencial de mercado de jogos é cerca de 1% do PIB de um país, no Brasil, a regularização da atividade pode gerar um faturamento de R$ 59 bilhões anuais, com previsão de arrecadação de R$ 17 bilhões em tributos. Os números foram apresentados em reunião do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), realizada em 9 de junho, no Rio de Janeiro.

Atualmente, a legalização dos jogos está em discussão no Congresso Nacional, em um projeto no Senado e outro na Câmara. “É indiscutível que esse tipo de atividade existe por aqui. Já é tempo de entender a relevância e discutir – à luz da crise econômica atual – a legalização de cassinos no Brasil como forma de fomentar a atividade turística, gerar emprego e renda”, destaca o presidente do Cetur/CNC, Alexandre Sampaio.

Segundo observou o deputado federal Herculano Passos (PSD-SP), presidente da Comissão de Turismo da Câmara e da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, o jogo já existe no Brasil e é explorado pelo Estado, caso da Loteria da Caixa, das loterias estaduais e dos Jockeys. Ele explica que o que se discute é a exploração privada da atividade e a regularização dos jogos ilegais, que são: o jogo do bicho, os bingos, os caça-níqueis (slots) e o jogo na internet; além da abertura de cassinos.

Os jogos no mundo

Existem atualmente quase 7 mil cassinos no mundo, e essa indústria mobilizou, no ano passado, 488 bilhões de dólares. Entre os 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), 75,52% têm o jogo legalizado, sendo que o Brasil está entre os 24,48% que não legalizaram a atividade. Para o presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), Magnho José, já passou a hora de a sociedade brasileira debater o tema, após 70 anos de proibição. “O mundo todo encara o jogo como uma indústria, e não nas páginas policiais, que é como encaramos no Brasil”, defende Magno.

Em 2015, as apostas legais movimentaram R$ 14,2 bilhões, enquanto as ilegais R$ 19,9 bilhões, totalizando R$ 34,1 bilhões, isso quer dizer que a cada 3 reais gastos com a atividade, 2 vão para os jogos ilegais, não gerando impostos ou qualquer retorno social. “É preciso refletir e entender que não existe a opção “não jogo”, ou ele é legal, ou ilegal, mas ele existe”, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), Magno José de Souza.

Argumentos contrários

Os argumentos contrários à regularização dos jogos focam em questões como a possibilidade de lavagem de dinheiro, aumento no número de jogadores compulsivos e em questões morais. O que a experiência dos países onde a atividade é legalizada mostrou é que não existe um aumento das patologias. Magno explica que os cassinos aplicam “mandados de autoexclusão”, que proíbem a entrada de jogadores compulsivos por dois anos e que podem ser requeridos pelas famílias ou pelo próprio jogador. Herculano Passos também não concorda com a avaliação de que a legalização aumentaria o número de jogadores compulsivos. “As pessoas com compulsão vão jogar, sendo o jogo legal ou não; nos cassinos, existe um acompanhamento para prestar ajuda a eles e às famílias”, argumenta o deputado Herculano passos.

Sobre a possibilidade de lavagem de dinheiro, o presidente do Instituto Jogo Legal afirma que 30% do dinheiro dos cassinos vai para impostos, o que encarece a operação, além do risco, pois os prêmios de R$ 10 mil precisam ser informados para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que questionaria ganhos sequenciais.

Geração de empregos

Segundo Magnho José, o Brasil hoje é o maior exportador de jogadores do mundo, cerca de 200 mil brasileiros viajam, todos os anos, para jogar em qualquer país que tem a atividade legalizada. O deputado federal Sérgio de Oliveira (PSD-PR), integrante da Comissão de Turismo, destacou a perda de receita com a ida de pessoas para jogar em cassinos de países vizinhos: “Em Foz do Iguaçu, temos cassinos nos países fronteiriços, Paraguai e Argentina, e é possível ver a grande quantidade de brasileiros que vai jogar todos os fins de semana”, declarou.

A expectativa é de que a legalização dos jogos gere imediatamente 150 mil novos postos de empregos diretos e, com a formalização dos empregados no jogo do bicho, que são cerca de 350 mil pessoas que serão registradas, o número total deve alcançar 500 mil empregos diretos. (CNC Imprensa – Foto: Christina Bocayuva)