GANHAM O ESTADO E A SOCIEDADE

A quem interessa manter o jogo na clandestinidade?

Artigo destaca a dificuldade de pauta na grande mídia para debater a legalização dos jogos no Brasil

Ivaldo Ferreira Val e Magnho José*

 

“A luz do sol é o melhor desinfetante”, juiz da Suprema Corte dos EUA, Louis Brandeis.

 

Estamos indignados com os últimos acontecimentos, que nos levaram a uma reflexão sobre a atuação dos meios de comunicação no processo de legalização do jogo no Brasil. Sem respostas na história do país, temos tentado de todas as formas estabelecer um diálogo com a imprensa sobre a necessidade de retirar este setor da zona cinzenta, já promovemos diversas reuniões, assembleias, audiências, eventos, passeata, jornal, entre outras iniciativas, com o simples objetivo de abrir um diálogo e esclarecer a sociedade sobre esta atividade.

Constatamos um bloqueio sem precedentes sobre o tema na imprensa brasileira. Vemos na mídia todo tipo de marginal zombando da sociedade, fazendo apologia ao crime. Além disso, questões que ontem eram tabu como homossexualismo, aborto, descriminalização das drogas, hoje encontram espaços generosos nos principais veículos de comunicação, mesmo com toda a pressão de setores preconceituosos da sociedade.

Os representantes do setor de jogos também querem debater e apresentar argumentos contraditórios e irrefutáveis ao que vem sendo veiculado insistentemente por agentes públicos contrários a legalização deste setor em importantes veículos de comunicação.

Não temos o objetivo de defender a contravenção exercida pelos operadores de jogos clandestinos – que até ontem eram empresários e hoje são considerados bandidos –, mas sim debater o que este setor poderá representar para o Estado e sociedade caso sejam legalizados. Temos que mostrar a importância desta atividade na geração de empregos, renda, impostos e divisas para o Brasil.

Achamos ridículo o país que vai sediar uma Copa do Mundo manter os jogos na ilegalidade. Este cenário poderá levar turistas de várias partes do mundo a procurarem locais clandestinos para jogar e apostar, sob o risco de um escândalo internacional.

O Sindicato de Videodiversão de Pernambuco está aguardando uma resposta do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que se comprometeu em debater democraticamente o tema.

Estamos apelando para a sensibilidade dos jornalistas, editorialistas, colunistas, blogueiros, redes sociais e entidades que possam ajudar a quebrar esse preconceito e o ranço ideológico imposto a este setor.

Teremos dificuldades em desarmar este bloqueio se não contarmos com a ajuda das pessoas que desejem saber a verdade sobre os jogos. A sociedade necessita saber como outros países solucionaram questões como lavagem de dinheiro, sonegação, falta de controle, fiscalização, patologia, entre outros argumentos que os atores políticos e sociais usam diariamente para ‘satanizar’ esta atividade. É lamentável, mas discursos contrários que usam estes argumentos é parte do lobby dos que pretendem manter o jogo na ilegalidade.

Infelizmente, só não sabemos a quem interessa manter o jogo na clandestinidade.

(*) Ivaldo Ferreira Val é presidente do Sindicato de Videodiversão de Pernambuco e Magnho José é editor do BNL.