GANHAM O ESTADO E A SOCIEDADE

Câmara prepara ambiente para votar ‘Lei Sheldon Adelson’

A reportagem “Cassinos vão dobrar o número de turistas internacionais no Brasil” veiculada pelo portal Mercado & Eventos comprova que o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai tentar votar depois das eleições o Projeto do Turismo relatado pelo deputado Paulo Azi (DEM-BA) com emenda legalizando apenas os cassinos-resorts integrados (RI) ou a ‘Lei Sheldon Adelson’.

A declaração do presidente da Câmara: “Uma coisa é aprovar os jogos que tem relação direta com o turismo, outra é viabilizar jogos que acabam inviabilizando esta estratégia de trazer mais cassinos e investimentos ao País” comprova a preferência do parlamentar do DEM pelos cassinos-resorts integrados, em detrimento das outras modalidades.

A estratégia para legalizar somente os RIs está em andamento. Em fevereiro deste ano o vice-presidente de relações governamentais do Las Vegas Sands Corporation, Andy Abboud esteve em Brasília acompanhado de uma comitiva de brasileiros formada por Fabio Lowenthal (Lowenthal Advogados), Henry Lowenthal (GR8 Capital Consultoria Empresarial), Camila Barbosa (Government Affairs Manager do Prospectiva Consulting) e Samuel Pessoa (economista e professor da Fundação Getúlio Vargas – FGV). Na oportunidade, foi entregue aos representantes do Ministério da Fazenda e ao presidente da Câmara dos Deputados um estudo defendendo que o melhor modelo para o Brasil é a legalização exclusiva dos cassinos-resorts integrados e que a legalização das outras modalidades poderá atrapalhar os investimentos das grandes corporações.

O discurso do deputado Rodrigo Maia, realizado nesta quarta-feira (12) na festa de 40 anos do Clube do Feijão, no Rio Othon Palace, no Rio de Janeiro, corrobora com a estratégia de criar um ambiente para votar apenas os cassinos. Além do presidente da Câmara, estavam presentes os deputados federais Otávio Leite, Julio Lopes e Rodrigo Maia, os candidatos a governador e senador pelo Rio, Eduardo Paes e César Maia, o secretário de Turismo do RJ, Nilo Sérgio Félix, o presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes, a presidente da Abav-RJ, Cristina Fritsch, o gerente geral do Rio Othon, George Durante, o grande anfitrião da festa e o presidente da Fenactur, Michel Tuma Ness, fundador do Clube do Feijão Amigo.

1ª tentativa através do substitutivo do deputado Paulo Azi

Deputado Paulo Azi

Na proposta inicial, o deputado Paulo Azi (DEM-BA) chegou a incluir a legalização dos cassinos-resorts integrados para beneficiar o Grupo Las Vegas Sands, mas devido à forte reação contrária, a iniciativa foi retirada do texto.

Em março deste ano, houve a primeira tentativa em legalizar os cassinos resorts através da inclusão pelo relator deputado Paulo Azi (DEM-BA) no substitutivo ao PL 2724/15 (7425/2017 e PL 7413/2017 apensados) de artigo legalizando apenas esta modalidade. Devido a forte reação dos deputados Cesar Halum (PRB-TO), Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Bacelar (PODE-BA) da Frente Parlamentar pela Aprovação do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, os parlamentares do DEM não tiveram sucesso na aprovação da proposta.

Devido a repercussão, o relator retirou do texto o capítulo sobre os cassinos-resorts e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), prometeu que a legalização dos jogos seria votado através de proposta especifica sobre o tema.

2ª tentativa emenda Andrés Sanches

Em nova tentativa de legalizar os cassinos-resorts integrados, o deputado Andrés Sanchez (PT-SP) apresentou uma emenda ao PL 2.724/15 autorizando a exploração de jogos de fortuna em bingos, jogos online e cassinos estabelecidos em resorts integrados, nos termos do regulamento. A proposta também autoriza o funcionamento dos bingos em estádios de futebol com capacidade superior a 15.000 pessoas.

A inclusão dos bingos e jogos online na emenda do deputado Andrés Sanchez foi uma sinalização positiva para os parlamentares e empresários que defendem estas modalidades, mas nada impede que bingos e jogos online sejam suprimidas através de uma emenda de Plenário durante a votação do Projeto do Turismo programado para depois das eleições (novembro), restando apenas os cassinos-resorts integrados para atender os desejos do Grupo Las Vegas Sands.

Em resumo:

– O melhor para o Brasil é a aprovação do Marco Regulatório dos Jogos com a legalização de todas as modalidades de jogos não regulados. Vários mercados que experimentaram longos períodos de clandestinidade optaram com sucesso para esta proposta. Esta é a proposta defendida pelo Instituto Brasileiro Jogo Legal – IJL.

– Qualquer estudo que for apresentado por economista ou instituição defendendo apenas a legalização dos cassinos-resorts integrados é fraude, pois não existe comprovação neste sentido. Centenas de países com a legalização de todas as modalidades comprova que esta afirmação é falsa.

– Ruim para o Brasil e para as grandes corporações que desejam investir no setor de jogos no Brasil será legalizar apenas os cassinos-resorts integrados e deixar todas as outras modalidades operando no mercado não regulado e sem controle.

– Defensores da legalização dos bingos e jogos online não devem se iludir com a possibilidade de aprovação destas modalidades junto com os IRs. São exatamente estas duas modalidades que as grandes corporações não desejam legalizadas.

A construção e implantação de um cassino-resort integrado no Brasil vai demorar pelo menos uns quatro anos. Neste período a operação dos bingos com máquinas já estará madura e consolidada.

Além disso, é público e notório que o magnata dos cassinos e presidente do Grupo Las Vegas Sands, Sheldon Adelson, sempre colocou-se contrário a legalização dos jogos online.

Como diz um amigo da Coluna: “ou os brasileiros se mobilizam ou vão limpar os cassinos-resorts integrados do milionário Sheldon Adelson”.

– Os empresários dos hotéis, que já enfrentam uma forte crise de ocupação, também estão iludidos com a possibilidade de potencializarem seus negócios com a legalização e instalação de cassinos-resorts integrados com 2 mil quartos. Lembrando que o valor das hospedagens nos IRs é inferior aos praticados pelo mercado já que acaba sendo subsidiada pela arrecadação dos jogos.

Comento:

Só uma forte mobilização do setor poderá evitar o oportunismo das grandes corporações de cassinos, especialmente o LVS, em legalizar apenas uma modalidade de jogos.

 

Fonte: BNLData