Nascido em Irajá e criado em Del Castilho, no subúrbio Rio de Janeiro, Zeca Pagodinho declarou em entrevista a revista "Inteligência Empresarial" que ainda joga no Jogo do Bicho - considerado um crime de contravenção penal no Brasil - e defendeu a legalização da aposta no país.
"Sou fanático pelo jogo por conta da arte, da aura que envolve o bicheiro, o jeito de andar, a letra com que ele escreve as apostas, toda cheia de voltas, uma marca registrada. Minha caligrafia traz este traço que aprendi escrevendo talões de apostas. A matemática do jogo, a agilidade dos cálculos, desde cedo me encantaram. Eu ainda jogo no Bicho. E ganho", declarou Zeca.
Em um longo artigo intitulado "Uma tradição popular que merece respeito", o sambista explicou a essência do jogo em sua vida e contou alguns detalhes curiosos.
"O problema é a ilegalidade, então vamos legalizar. Jogo é jogo, que, legal ou ilegal, vai continuar sendo jogo. E o Jogo do Bicho não vai deixar de existir por conta de uma lei que o transforme em um crime. Chega de hipocrisia! Assim que legalizar, eu vou ser o primeiro fazer uma fezinha", afirmou.
Zeca ainda criticou a posição da imprensa e do governo e afirmou que sistema de aposta, criado no Rio de Janeiro em 1889 e difundido em 1930, é responsável pelo Carnaval do Rio, um dos mais famosos do mundo.
"Quando vejo a imprensa, o governo, a polícia ou o judiciário, condenar o Jogo do Bicho, chego a conclusão de que essas instituições e seus representantes não conhecem a realidade de milhares de cariocas e brasileiros. Não têm noção da importância cultural e histórica dos bicheiros. Sinceramente, sem o Jogo do Bicho, tenho a certeza de que o Carnaval – por exemplo – nunca teria chegado aonde chegou, se transformando no maior espetáculo popular do mundo. O dinheiro das apostas, no lugar de alimentar o capital financeiro e a Bolsa de Valores, alimentou esse espetáculo maravilhoso".(Do UOL, São Paulo - Thyago Andrade)