O
avanço da legalização dos jogos na Câmara dos Deputados e a possibilidade de
aprovação no próximo mês de fevereiro ressuscitou vários personagens contrários
a legalização como o ex-juiz Wálter Maierovitch e mobilizou os dois
parlamentares que jogam no Time da Jogatina: senador Eduardo Girão e o deputado
Sóstenes Cavalcante (leia-se Silas Malafaia), que estão sendo incensados pelo
Movimento Brasil Sem Azar fundado pela ministra Damares Alves.
Maierovitch,
que sempre teve uma relação mal resolvida contra a legalização dos jogos, chega
a ser flexível no artigo ‘Crime organizado sonha com ‘lavanderia’ dos cassinos
legalizados no Brasil‘ veiculado no UOL Notícias desta quarta-feira (5). O
maior problema destes críticos é que eles pararam no tempo e as referências são
da década de 70, além disso citam problemas gerados pela operação do jogo não
regulado como corrupção, esquemas de propina e chantagem política.
O mundo
e o mercado dos jogos mudaram e vários aspectos foram introduzidos como
controles eficazes e compliance, mas esses atores políticos e sociais ignoram
essas mudanças e insistem no lobby para manter o jogo na ilegalidade.
O
senador Eduardo Girão distribuiu nas últimas 24 horas para jornalistas e para
sua rede de contatos um vídeo (a coluna tem o arquivo) registrando que a
legalização jogos não vai gerar a quantidade de empregos divulgadas pelos
defensores da proposta e que a arrecadação tributária defendida na verdade será
canibalizada de outras atividades.
Girão
também divulgou também reportagem do O Antagonista com a lista de como votou
cada deputado no requerimento de urgência ao PL 442/91 com o seguinte texto:
“URGENTÍSSIMO!!!!A liberação da jogatina traz desemprego. Sem falar na porta
escancarada para corrupção, lavagem de dinheiro e destruição de famílias
inteiras. Os Deputados federais votarão no início de fevereiro. Precisamos
virar votos para evitar um mal maior para o Brasil que já tem vários problemas.
Acione o seu parlamentar enquanto ainda é tempo. Veja aqui quem votou SIM a
urgência desse projeto absurdo em seu Estado!”
Inclusive,
a pauta da reportagem ‘Do apoio de Trump ao repúdio evangélico: os cassinos
dividem a direita’ veiculada pela ‘A Gazeta do Povo’ tem vários elementos
usados pelo senador Girão e pelo deputado Sóstenes, que se baseiam nas teses
equivocadas do livro da década de 90 “Gambling in America – Costs and
Benefits”, de autoria do professor de Economia pelo Massachusetts Institute of
Technology (MIT), Earl Grinols. Os especialistas que criaram esta e outras
‘evidências’ foram financiados nos anos 90 por igrejas e movimentos anti-jogo
dos EUA.
A
reportagem do jornal sediado em Curitiba, que desde 2015 deu uma guinada à
direita e transformou-se na cara e a voz do conservadorismo brasileiro, elenca
opiniões antigas dos órgãos de controle, não expressadas durante as reuniões de
seus dirigentes com o coordenador do Grupo de Trabalho do Marco Regulatório dos
Jogos, Deputado Bacelar (Pode-BA). O parlamentar reuniu-se com a
Procuradoria-Geral da República, COAF, Polícia Federal e Receita Federal e
nenhum dirigente dessas instituições se colocaram contrários a legalização dos
jogos.
Uma
curiosidade. Todos os textos, como o da Gazeta do Povo, do Wálter Maierovitch e
do Senador Girão usam a palavra pejorativa ‘jogatina’, que é empregada pelos
opositores para definir dos jogos de azar.
Fonte:
BNLData