GANHAM O ESTADO E A SOCIEDADE

81 anos da vergonhosa lei que proibiu o jogo de azar no país

A legislação proibitiva instituída em 1941 por Getúlio Vargas nunca foi revertida e não alterou o cenário do jogo não regulado no Brasil

Nesta segunda-feira, dia 3 de outubro, a proibição do jogo do bicho pelo Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei de Contravenções Penais) completa 81 anos. O Decreto-Lei assinado pelo ex-presidente Getúlio Vargas, proibiu o Jogo do Bicho e o Decreto-Lei nº 9.215, de 30 de abril de 1946, proibiu a operação de cassinos.

O Decreto-Lei proibiu o estabelecimento de jogos de azar em locais públicos, apesar dos cassinos continuarem sendo permitidos por mais alguns anos até o governo do sucessor de Getúlio Vargas, quando o general Eurico Gaspar Dutra, em 1946 proibiu também esta modalidade.

Nos últimos 81 anos, vários temas têm causado controvérsia no Brasil e dentre eles está a legalização do jogo, que por questões políticas, ideológicas e religiosa, acabam contaminando e distorcendo o debate. Os 81 anos de proibição acabou rotulando equivocadamente esta atividade como uma questão moral e de costume.

O Estado brasileiro deveria reconhecer o fracasso deste modelo proibitivo. Ao longo destes anos, o Brasil tornou-se campeão mundial do jogo ilegal e, enquanto o tema no país é tratado como uma questão de costume, os legisladores de outros países consideram uma atividade econômica que gera empregos, investimentos em causas sociais.

Apesar da rejeição moral atrelada ao ato, a legislação proibitiva nunca foi eficiente, pois o jogo continuou a ser parte da cultura nacional e, por ser uma contravenção penal. Por definição, contravenções consideradas um “delito menor” – também denominada de “delitos anões” ou “crimes vagabundos” – e que dizem respeito à prática de uma infração de baixa gravidade, que possui menor reprovabilidade na sociedade.

Ainda que apostar em jogos não regulados ainda seja uma atividade corriqueira no cotidiano brasileiro, muitos enxergam isso como produto de uma legislação anacrônica que baseada em uma visão moral não mais compatível com a sociedade. Na época da proibição, foi citada entre as razões que “a tradição moral jurídica e religiosa do povo brasileiro é contrária à prática e à exploração e jogos de azar”.

A única solução para esta atividade é a criação do marco regulatório dos jogos.

É notório que não existe registro em nenhum país do mundo, experiência de sucesso, do ponto de vista social, econômico e da segurança pública, entre aqueles que optaram pela proibição do jogo ou simples afastamento do Estado no controle desta atividade.

Infelizmente, a proibição do jogo é comemorada no mesmo dia em que o país sai das urnas com um novo Congresso conservador e religioso.

Fonte: BNLData