Gostar de apostas pode ter explicações genéticas, sugere estudo
Os genes em questão afetam a influência da dopamina, uma substância química liberada pelo cérebro relacionada ao prazer e que motiva as pessoas a buscar recompensas
Estudos anteriores mostraram que, quando as pessoas se envolvem em interações sociais competitivos, tais como jogos de apostas, eles invocam duas áreas do cérebro: o córtex pré-frontal medial (mostrado aqui em rosa), que é a parte executiva do cérebro e do corpo estriado (mostrado pela luz azul), que lida com a motivação
Quer apostar? A resposta, provavelmente, está nos seus genes.
Cientistas anunciaram nesta segunda-feira (16) que um estudo com mais de 200 pessoas demonstrou que a genética desempenha um importante papel na forma como uma pessoa age quando se trata de apostar e investir.
Os genes em questão afetam a influência da dopamina, uma substância química liberada pelo cérebro relacionada ao prazer e que motiva as pessoas a buscar recompensas.
A dopamina já é conhecida pelo papel desempenhado em interações sociais, mas pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, afirmaram que seu estudo é o primeiro a demonstrar como os genes governam a forma como a dopamina atua no cérebro.
"Nosso estudo mostra que os genes influenciam o comportamento social complexo, neste caso, o comportamento estratégico", afirmou o principal autor do estudo, Ming Hsu, professor assistente de marketing na Escola de Negócios Haas, da Universidade de Berkeley.
A pesquisa foi feita com 217 estudantes da Universidade Nacional de Cingapura. Seus genomas foram selecionados entre cerca de 700 mil variedades genéticas.
Em seguida, os cientistas se concentraram em algumas variedades no âmbito de 12 genes envolvidos com a regulação da dopamina.
Eles estudaram os cérebros dos universitários com exames de ressonância magnética enquanto participavam de um jogo competitivo, no qual uma pessoa fazia apostas no computador com um adversário anônimo.
Aqueles que se saíram melhor em imaginar o pensamento do oponente e antecipar e responder às ações dos outros tinham uma variação em três genes que afetam as funções da dopamina em uma parte específica do cérebro, conhecida como córtex pré-frontal mediano.
Aqueles que se saíram melhor no aprendizado de tentativa e erro tinham uma variação em dois genes que afetam primariamente a dopamina na região estriada do cérebro.
Os cientistas descobriram que o papel genético na tomada de decisões ficou evidente com um "nível surpreendente de consistência" nas pessoas estudadas.
"Nossos resultados reforçam a evidência crescente de que mecanismos de dopamina sustentam criticamente uma ampla classe de tomadas de decisão baseadas em valores, tanto em contextos sociais quanto não sociais", destacou o estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. (Estado de Minas - Belo Horizonte - MG - Fonte: AFP - Agence France-Presse)